sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Tempo e dor

A vida é de choro;

É uma avalanche de dor, e com gritos sufocados.

É como ficar de pés firmes, esperando as ondas caudalosas.

A poesia da dor é inteligível.

Mesmo a lembrança da dor, dói.

Penso que as verdadeiras dores jamais são compreendidas, digeridas e curadas;

O que nos faz desfocar dela não é o amor,

É um rio em dia de enxurrada, que nunca cessa e que só deixa rastros;

A vida é uma tempestade de tempo.

domingo, 16 de outubro de 2011

As Ondas

Estendida no chão, eu sentia a brisa;

E diante de mim uma extensão amarela, sendo lambida, beijada, escarrada, como queira, por lábios de espessuras variadas, com humores também variados. Ou seja, pela manhã, uma dama. Classuda, de gestos gentis, sorrisos sem extravagância, que chama hipnotizando. No entanto pela tarde, ensaia a dança, como uma mulher autenticamente feliz, alegre, triste, mas sempre corrente. À noite, porém, é uma cortesã. Forte, revolta, ressacada, insistente e que não quer esconder o que sente. E de fato não esconde, pois este papel não lhes é designado, ao contrário, ela foi feita para falar, sorrir e gritar. Ainda que nada possa ouvir por estar a falar, ela consola por ali sempre está.

Esta obra é tão perfeita que não há de ser gente, e sim, as ondas do mar.

Sinto no meu caos, a sua mão apaziguando.