quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal

A Paz
Em forma de luz.
O escudo dos temerosos,
que necessitam de algo que os conduzam.
Espelho de um mundo distante que se apresentam em instantes
através
de
um
nascimento
numa
data
agora
muito
Importante.
Feliz Natal!
Jane Bem

domingo, 19 de dezembro de 2010

Entulhos que constroem.

Geralmente não sei o que dizer.
Normalmente não sei o que pensar
Para que erroneamente não venha te julgar,
mas confesso, não sei como evitar.

As intempéries têm Constancia,
creio que ela ojeriza que quero distância.
Então ela briga e tenta,
só sossega quando se instala a tormenta.

Este sentimento insano e pulsante
obriga-me a medir e ponderar,
então guardo tudo num “corpo –estante”
estranhamente omissa, para este relicário ao avesso prefiro nem olhar.

Que absolutamente tudo fuja de mim.
Apenas com paciência
Busco um reinado sem
fim.


Jane Bem

sábado, 18 de dezembro de 2010

Crescendo

Teus pés miúdos
estão descobrindo caminhos.
Passos discretos denunciam que já não te cabe mais o ninho.

Pequenas palavras para mim são melodias.
Seus olhos curiosos fitando os meus,
me fazem derramar lágrimas por seres um dos meus.
Jane Bem

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O que eu quero!

Não espero consentimentos de ninguém.
Talvez o apreço de alguém,
e se não o tiver,
que assim seja,
que o bom seja o que escolhi para mim.
Jane Bem

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Momento

Uma tarde de dezembro, um dia ensolarado, um amor - se é assim que se denomina um sentimento tão bom que torna tudo redundante. Gestos repetidos como um pião que rodopia intensamente, velozmente e com certa beleza.

É de corações enamorados que falamos de carinhos gratuitos e despido de vergonhas. Tomados por uma súbita certeza de seus sentimentos para com o outro. Seus olhares se moviam lentamente, sem alvoroços e ansiedade em usar a coisa mais subjetiva que possuíam – O tempo. O moço deslizava suas mãos afáveis na face da moça que aparentemente era demasiadamente frágil, mas ele sabia de sua força; para ser mais exata, a força que ela exercia sobre ele. Um fascínio que lhe causavam risos soltos, sem que houvesse a necessidades de motivos nem piadas, o que havia era apenas espíritos alimentados de certeza e de incertezas, pois o momento pedia dos dois, a consciência da singularidade, o momento único. O rapaz possuído de encantamento acarinhava os cabelos da amada encantando-a em silêncio. Ah! O silêncio, bastante para se ouvir som do coração, os olhares, dos movimentos serenos dos lábios sorrindo um sonho real.

A moça assim como o rapaz, era amante fiel da música que despertava magia em ambos. Para ela era conveniente soltar em forma de letra e melodia uma canção francesa simples e singela. Neste momento, mais risos eram possíveis, mas suas almas se desejavam tão firmemente que se entrelaçaram entre os dedos. Foi inevitável. O amor de repente tinha ritmo. A moça de repente olhou para ele e pensou e pesou em seu coração a certeza de um amor imperfeito, mas verdadeiro, encaixado num momento mais que perfeito. Uma sublime felicidade. As luzes de natal iluminavam externamente o que já estava iluminado. Enquanto ela fechava os olhos fazendo com que ele achasse que era apenas pela força da música (umas das favoritas dela), ela foi tomada pela sensação de amar e estar sendo amada. Que se danem os defeitos. Neste momento ela de novo pensou e gritou internamente a si mesmo - que se danem os defeitos. É de amor que falamos, e este nunca será perfeito, não há amante perfeito, mas sim aquele que proporciona momentos perfeitos – como aquele – seus olhos dançavam, se encaravam, então sentiram a necessidade de juntar seus corpos a fim de que tornassem um, apenas um. Então se abraçaram – Não! Abraçam não apenas seus corpos, mas também suas almas – então quando se olhando verdadeiramente, sem brecha para fitar mais nada além dos olhos um do outro, foram tocando lentamente seus lábios, sem velocidade, para que o tempo fosse se arrastando fazendo-os mais íntimos, fazendo-os só um, até que ambos fecharam seus olhos e prosseguiram o amor e o desejo ao máximo naquela tarde de dezembro.



Jane Bem

Meu aval

Te esperei em minha janela,
debruçada vendo a vida passar.
Vi tantas coisas belas
que por pouco não me joguei para o lado de lá.

Não se trata de esquecimento,
Apenas quis desfrutar.
Não sei do que exatamente,
mas tinha a certeza que te encontraria lá.

Vejo as estações passar,
as fases da lua também.
Perdoe-me meu amor, mas já não me sinto feliz em te esperar.

Não quero mais me debruçar,
Quero da janela me jogar.
Não quero mais sua ausência velar
Não sinto mais pressa pra te ver,
Entendas, não quero morrer,
Tenho pressa de viver,
Quero te amar,
Quero me libertar.

Jane Bem

Brasil

Diferentes sotaques
parecem disfarce
nesta terra vasta.

Diversas cores
formando uma aquarela de gente,
num tropico tão quente.

Diversos mares,
com mesmas cores,
e diferentes amores.

Uma sociedade bifurca,
busca uma tola identidade,
tenta distorcer e camuflar que possuímos
tanto um paraíso quanto um bordel.
Jane Bem

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Inépcia.

Consumo minha alma por coisas terrenas
Tão miseras quanto efêmeras
Que descuido do meu “Ser”;
Enquanto que inconsciente busco apenas o que os outros querem ver.
Se assim permanecer,
Irei padecer,
Até morrer.

Jane Bem

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fatos.

Ler para obter;
Ler para saber descrever;
Ler para saber o não dito;
Ler o dito;
Leia uma breve poesia;
Ler o anúncio;
Ler o descabido;
Ler alivia as agonias;
Leia um livro, pois,
Ler é ser/estar vivo.




Jane Bem

Admiração à Assis

Admiração é por si só é tão esplêndido quanto estranho. O sujeito de súbito encontra-se em estado de graça ao que chamamos de encantamento em relação ao recentemente e superiormente conhecimento dantes velado à sua pessoa. Digo isto por não me deparar a admirar algo que julgo inferior ou marginalizado do meu contexto.

É em reflexão a estas grandezas do homem que me ponho a falar de uma admiração em especial por um homem que nunca vi (carnalmente falando), aliás, diga-se de passagem, que grande homem. O denomino assim não por possuir apenas virtudes (as que tanto me agradam), mas, pelas mesmas se sobressaírem e por terem se perpetuado até a data que vos lhe escrevo esta anedota.

Temáticas interessantes passam por minha mente como vento, sem possibilidade de agarrá-las e desmembrá-las para que então eu desmembre minhas ideias e consequentemente minha vida (ou pelo menos um pouco). Enquanto passo por inquietudes e crises de ansiedade, tantas e quantas vezes recorreram a minha mente este pequeno e profundo verso; "Não precisa correr tanto, o que é seu às mãos lhe há de vir". - Dom Casmurro - Machado de Assis. Verso este extraído de um clássico inexplicável que percorre os séculos. Um coração aflito que não comporta seus extremos; Uma mulher, quer dizer, “A mulher”, que convenhamos, dispensa comentários e qualquer entendimento, e por fim; uma dúvida, o motriz da narrativa, assim como as dúvidas se apresentam em nossas vidas. Entre dúvidas e aflições, um amor. Não quero relembrar-lhe a história (como não sabê-la?), mas sim aquele que a escreve.

O que este desperta em mim é aquilo que pouquíssimos conseguem; encantar-me; chorar sem tristeza; entristecer-me com as mazelas humanas; e por fim, sua habilidade. Falar de amor, nem sempre é bom, mas é automático, é álibe. Tocar na podridão da sociedade de sua época (o que ele escreveria hoje?), tão lindamente, tão eminente, tão duramente, tão francamente... Entre tantos “mentes”, ele o fez. Nesse contexto, epilético era sua necessidade de falar, de sacudir a sociedade com sua fina ironia. Quem era este, que após dois anos de viúves ainda punha o prato da mulher amada (Carolina) à mesa? Como esperava fim e a sua dama? Como era flama sua jornada, isto, mesmo antes de começá-la.

Tantas mentes descobrimos, quantos amores ouvimos, quantas teses tentaram desvendar, onde a graça é o seu segredo perpetuar. Afinal, de quem estou falando? De Casmurro ou de Assis? Quiçá ambos, se confundem não em tudo, mas na gana de viver mesmo com a morte (subjetiva e objetiva) diariamente à sua porta bater. Não quero desvendá-lo, ou, amordaçá-lo com minha curiosidade vã; quero tão somente para sempre admirá-lo.
Jane Bem

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Disposição.

Quero fazer tudo e jamais parar.
Quero gastar meu tempo e não pensar em nada.
Como se o importante de tudo fosse nunca estar cansada.

Jane Bem.

Ócio.

Quero falar sem dizer nada.
Quero passar o tempo avoada.
Como se a importância do tudo fosse o nada.


Jane Bem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Motivos

Tantas forças movem meu moinho,
Um sonho aqui, uma queda ali,
E me ponho a recomeçar.


Tantas coisas disvirtuam meu caminho,
Uma apatia sim, um medo em/de mim
E me ponho a parar.
Tantas alegrias se apresentam em minha vida,
Um laço antigo, um amor amigo
E me ponho a desfrutar.
Tantos sentimentos movem meu caminho,
Um destino, nunca sozinho,
E de mãos dadas me vejo caminhar.
Jane Bem.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Omissão

Nem sempre o belo é explicável
Por vezes o feio é belo de se ver.
O feio é visto, despido e corajoso.

Desfazer é melhor do que não fazer
Cozinhar mal revela uma tentativa.
Sonhar é querer.

Não guarde o fundamental
O essencial,
O prazer.

Guarde o amor em dois e não apenas para si.
Não segure dores, não deixe de estender a mão
Puxe para si, a responsabilidade de palavras vans.

Sorrir é melhor que chorar
Chorar é melhor que sorrir; quem pode definir?
Falar é mais seguro que calar
O ruim mesmo é omitir.



Jane Bem