terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Momento

Uma tarde de dezembro, um dia ensolarado, um amor - se é assim que se denomina um sentimento tão bom que torna tudo redundante. Gestos repetidos como um pião que rodopia intensamente, velozmente e com certa beleza.

É de corações enamorados que falamos de carinhos gratuitos e despido de vergonhas. Tomados por uma súbita certeza de seus sentimentos para com o outro. Seus olhares se moviam lentamente, sem alvoroços e ansiedade em usar a coisa mais subjetiva que possuíam – O tempo. O moço deslizava suas mãos afáveis na face da moça que aparentemente era demasiadamente frágil, mas ele sabia de sua força; para ser mais exata, a força que ela exercia sobre ele. Um fascínio que lhe causavam risos soltos, sem que houvesse a necessidades de motivos nem piadas, o que havia era apenas espíritos alimentados de certeza e de incertezas, pois o momento pedia dos dois, a consciência da singularidade, o momento único. O rapaz possuído de encantamento acarinhava os cabelos da amada encantando-a em silêncio. Ah! O silêncio, bastante para se ouvir som do coração, os olhares, dos movimentos serenos dos lábios sorrindo um sonho real.

A moça assim como o rapaz, era amante fiel da música que despertava magia em ambos. Para ela era conveniente soltar em forma de letra e melodia uma canção francesa simples e singela. Neste momento, mais risos eram possíveis, mas suas almas se desejavam tão firmemente que se entrelaçaram entre os dedos. Foi inevitável. O amor de repente tinha ritmo. A moça de repente olhou para ele e pensou e pesou em seu coração a certeza de um amor imperfeito, mas verdadeiro, encaixado num momento mais que perfeito. Uma sublime felicidade. As luzes de natal iluminavam externamente o que já estava iluminado. Enquanto ela fechava os olhos fazendo com que ele achasse que era apenas pela força da música (umas das favoritas dela), ela foi tomada pela sensação de amar e estar sendo amada. Que se danem os defeitos. Neste momento ela de novo pensou e gritou internamente a si mesmo - que se danem os defeitos. É de amor que falamos, e este nunca será perfeito, não há amante perfeito, mas sim aquele que proporciona momentos perfeitos – como aquele – seus olhos dançavam, se encaravam, então sentiram a necessidade de juntar seus corpos a fim de que tornassem um, apenas um. Então se abraçaram – Não! Abraçam não apenas seus corpos, mas também suas almas – então quando se olhando verdadeiramente, sem brecha para fitar mais nada além dos olhos um do outro, foram tocando lentamente seus lábios, sem velocidade, para que o tempo fosse se arrastando fazendo-os mais íntimos, fazendo-os só um, até que ambos fecharam seus olhos e prosseguiram o amor e o desejo ao máximo naquela tarde de dezembro.



Jane Bem

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