quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal

A Paz
Em forma de luz.
O escudo dos temerosos,
que necessitam de algo que os conduzam.
Espelho de um mundo distante que se apresentam em instantes
através
de
um
nascimento
numa
data
agora
muito
Importante.
Feliz Natal!
Jane Bem

domingo, 19 de dezembro de 2010

Entulhos que constroem.

Geralmente não sei o que dizer.
Normalmente não sei o que pensar
Para que erroneamente não venha te julgar,
mas confesso, não sei como evitar.

As intempéries têm Constancia,
creio que ela ojeriza que quero distância.
Então ela briga e tenta,
só sossega quando se instala a tormenta.

Este sentimento insano e pulsante
obriga-me a medir e ponderar,
então guardo tudo num “corpo –estante”
estranhamente omissa, para este relicário ao avesso prefiro nem olhar.

Que absolutamente tudo fuja de mim.
Apenas com paciência
Busco um reinado sem
fim.


Jane Bem

sábado, 18 de dezembro de 2010

Crescendo

Teus pés miúdos
estão descobrindo caminhos.
Passos discretos denunciam que já não te cabe mais o ninho.

Pequenas palavras para mim são melodias.
Seus olhos curiosos fitando os meus,
me fazem derramar lágrimas por seres um dos meus.
Jane Bem

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O que eu quero!

Não espero consentimentos de ninguém.
Talvez o apreço de alguém,
e se não o tiver,
que assim seja,
que o bom seja o que escolhi para mim.
Jane Bem

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Momento

Uma tarde de dezembro, um dia ensolarado, um amor - se é assim que se denomina um sentimento tão bom que torna tudo redundante. Gestos repetidos como um pião que rodopia intensamente, velozmente e com certa beleza.

É de corações enamorados que falamos de carinhos gratuitos e despido de vergonhas. Tomados por uma súbita certeza de seus sentimentos para com o outro. Seus olhares se moviam lentamente, sem alvoroços e ansiedade em usar a coisa mais subjetiva que possuíam – O tempo. O moço deslizava suas mãos afáveis na face da moça que aparentemente era demasiadamente frágil, mas ele sabia de sua força; para ser mais exata, a força que ela exercia sobre ele. Um fascínio que lhe causavam risos soltos, sem que houvesse a necessidades de motivos nem piadas, o que havia era apenas espíritos alimentados de certeza e de incertezas, pois o momento pedia dos dois, a consciência da singularidade, o momento único. O rapaz possuído de encantamento acarinhava os cabelos da amada encantando-a em silêncio. Ah! O silêncio, bastante para se ouvir som do coração, os olhares, dos movimentos serenos dos lábios sorrindo um sonho real.

A moça assim como o rapaz, era amante fiel da música que despertava magia em ambos. Para ela era conveniente soltar em forma de letra e melodia uma canção francesa simples e singela. Neste momento, mais risos eram possíveis, mas suas almas se desejavam tão firmemente que se entrelaçaram entre os dedos. Foi inevitável. O amor de repente tinha ritmo. A moça de repente olhou para ele e pensou e pesou em seu coração a certeza de um amor imperfeito, mas verdadeiro, encaixado num momento mais que perfeito. Uma sublime felicidade. As luzes de natal iluminavam externamente o que já estava iluminado. Enquanto ela fechava os olhos fazendo com que ele achasse que era apenas pela força da música (umas das favoritas dela), ela foi tomada pela sensação de amar e estar sendo amada. Que se danem os defeitos. Neste momento ela de novo pensou e gritou internamente a si mesmo - que se danem os defeitos. É de amor que falamos, e este nunca será perfeito, não há amante perfeito, mas sim aquele que proporciona momentos perfeitos – como aquele – seus olhos dançavam, se encaravam, então sentiram a necessidade de juntar seus corpos a fim de que tornassem um, apenas um. Então se abraçaram – Não! Abraçam não apenas seus corpos, mas também suas almas – então quando se olhando verdadeiramente, sem brecha para fitar mais nada além dos olhos um do outro, foram tocando lentamente seus lábios, sem velocidade, para que o tempo fosse se arrastando fazendo-os mais íntimos, fazendo-os só um, até que ambos fecharam seus olhos e prosseguiram o amor e o desejo ao máximo naquela tarde de dezembro.



Jane Bem

Meu aval

Te esperei em minha janela,
debruçada vendo a vida passar.
Vi tantas coisas belas
que por pouco não me joguei para o lado de lá.

Não se trata de esquecimento,
Apenas quis desfrutar.
Não sei do que exatamente,
mas tinha a certeza que te encontraria lá.

Vejo as estações passar,
as fases da lua também.
Perdoe-me meu amor, mas já não me sinto feliz em te esperar.

Não quero mais me debruçar,
Quero da janela me jogar.
Não quero mais sua ausência velar
Não sinto mais pressa pra te ver,
Entendas, não quero morrer,
Tenho pressa de viver,
Quero te amar,
Quero me libertar.

Jane Bem

Brasil

Diferentes sotaques
parecem disfarce
nesta terra vasta.

Diversas cores
formando uma aquarela de gente,
num tropico tão quente.

Diversos mares,
com mesmas cores,
e diferentes amores.

Uma sociedade bifurca,
busca uma tola identidade,
tenta distorcer e camuflar que possuímos
tanto um paraíso quanto um bordel.
Jane Bem

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Inépcia.

Consumo minha alma por coisas terrenas
Tão miseras quanto efêmeras
Que descuido do meu “Ser”;
Enquanto que inconsciente busco apenas o que os outros querem ver.
Se assim permanecer,
Irei padecer,
Até morrer.

Jane Bem

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fatos.

Ler para obter;
Ler para saber descrever;
Ler para saber o não dito;
Ler o dito;
Leia uma breve poesia;
Ler o anúncio;
Ler o descabido;
Ler alivia as agonias;
Leia um livro, pois,
Ler é ser/estar vivo.




Jane Bem

Admiração à Assis

Admiração é por si só é tão esplêndido quanto estranho. O sujeito de súbito encontra-se em estado de graça ao que chamamos de encantamento em relação ao recentemente e superiormente conhecimento dantes velado à sua pessoa. Digo isto por não me deparar a admirar algo que julgo inferior ou marginalizado do meu contexto.

É em reflexão a estas grandezas do homem que me ponho a falar de uma admiração em especial por um homem que nunca vi (carnalmente falando), aliás, diga-se de passagem, que grande homem. O denomino assim não por possuir apenas virtudes (as que tanto me agradam), mas, pelas mesmas se sobressaírem e por terem se perpetuado até a data que vos lhe escrevo esta anedota.

Temáticas interessantes passam por minha mente como vento, sem possibilidade de agarrá-las e desmembrá-las para que então eu desmembre minhas ideias e consequentemente minha vida (ou pelo menos um pouco). Enquanto passo por inquietudes e crises de ansiedade, tantas e quantas vezes recorreram a minha mente este pequeno e profundo verso; "Não precisa correr tanto, o que é seu às mãos lhe há de vir". - Dom Casmurro - Machado de Assis. Verso este extraído de um clássico inexplicável que percorre os séculos. Um coração aflito que não comporta seus extremos; Uma mulher, quer dizer, “A mulher”, que convenhamos, dispensa comentários e qualquer entendimento, e por fim; uma dúvida, o motriz da narrativa, assim como as dúvidas se apresentam em nossas vidas. Entre dúvidas e aflições, um amor. Não quero relembrar-lhe a história (como não sabê-la?), mas sim aquele que a escreve.

O que este desperta em mim é aquilo que pouquíssimos conseguem; encantar-me; chorar sem tristeza; entristecer-me com as mazelas humanas; e por fim, sua habilidade. Falar de amor, nem sempre é bom, mas é automático, é álibe. Tocar na podridão da sociedade de sua época (o que ele escreveria hoje?), tão lindamente, tão eminente, tão duramente, tão francamente... Entre tantos “mentes”, ele o fez. Nesse contexto, epilético era sua necessidade de falar, de sacudir a sociedade com sua fina ironia. Quem era este, que após dois anos de viúves ainda punha o prato da mulher amada (Carolina) à mesa? Como esperava fim e a sua dama? Como era flama sua jornada, isto, mesmo antes de começá-la.

Tantas mentes descobrimos, quantos amores ouvimos, quantas teses tentaram desvendar, onde a graça é o seu segredo perpetuar. Afinal, de quem estou falando? De Casmurro ou de Assis? Quiçá ambos, se confundem não em tudo, mas na gana de viver mesmo com a morte (subjetiva e objetiva) diariamente à sua porta bater. Não quero desvendá-lo, ou, amordaçá-lo com minha curiosidade vã; quero tão somente para sempre admirá-lo.
Jane Bem

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Disposição.

Quero fazer tudo e jamais parar.
Quero gastar meu tempo e não pensar em nada.
Como se o importante de tudo fosse nunca estar cansada.

Jane Bem.

Ócio.

Quero falar sem dizer nada.
Quero passar o tempo avoada.
Como se a importância do tudo fosse o nada.


Jane Bem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Motivos

Tantas forças movem meu moinho,
Um sonho aqui, uma queda ali,
E me ponho a recomeçar.


Tantas coisas disvirtuam meu caminho,
Uma apatia sim, um medo em/de mim
E me ponho a parar.
Tantas alegrias se apresentam em minha vida,
Um laço antigo, um amor amigo
E me ponho a desfrutar.
Tantos sentimentos movem meu caminho,
Um destino, nunca sozinho,
E de mãos dadas me vejo caminhar.
Jane Bem.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Omissão

Nem sempre o belo é explicável
Por vezes o feio é belo de se ver.
O feio é visto, despido e corajoso.

Desfazer é melhor do que não fazer
Cozinhar mal revela uma tentativa.
Sonhar é querer.

Não guarde o fundamental
O essencial,
O prazer.

Guarde o amor em dois e não apenas para si.
Não segure dores, não deixe de estender a mão
Puxe para si, a responsabilidade de palavras vans.

Sorrir é melhor que chorar
Chorar é melhor que sorrir; quem pode definir?
Falar é mais seguro que calar
O ruim mesmo é omitir.



Jane Bem

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Poucas pessoas me encantam

De tanto observar, findei selecionando demais

Olhos tortos, olhos toscos, olhos azuis como anil

Bocas harmoniosas, dentes certos, isso nunca me iludiu.

Fico boba com toques sem medo

Olhar de desejo, brilhosos, turvos e meigos

Gosto das expressões.

Gosto por me causarem impressões.

Quero ter o que dizer, bem ou ruim

Gosto de palavras que venham direto a mim, dilacerando ou apaziguando

O importante é seguir, mesmo com o coração perdido.

Gosto de gestos. Não necessariamente os grandes

Ecoam mais aqueles que os apressados não percebem.

Gestos são vontades acumuladas.

Sinto inveja dos que apenas passam a vista

Sem tanto exigir, é fato, é mais fácil se iludir.

Ao passo que só me encanto com o encantamento.



Jane Bem

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vontade de Viver

Enquanto houver quem ouça, eu direi.

Direi que o mundo é feio, e como é feio. Aliás, não me refiro ao mundo, mas os que nele vivem. Não me refiro a todos, mas a maioria.

Viver neste frenesi é não generalizar, e em todas as situações acrescentar um mas.

A incerteza é certa;

O individualismo é certo;

A desigualdade é certa;

A vaidade é certa;

A má fé é certa;

A inveja é certa;

E o que se pode fazer? Ora! Não se descabele, não seja medroso, não tenha medo de mudar o feio, se embeleze.

A beleza é certa, para quem é certo que é bonito apesar de: ser mais cheinho (a), mais magrinho (a), mais branquinho(a), mais negrinho(a), mais altinho(a), mais baixinho(a) e tantos outros mais que possa haver.

Penso que viver é falar besteira, é rir de si, é pensar no SE. É pegar onda, é olhar as ondas, é acima de tudo tirar onda do que lhe atormenta.

Penso que para viver, é necessariamente acreditar; em quê? No próximo, na juventude, na infância, no idoso, no trabalho árduo, no conhecimento (se você não acredite nesse, ta ferrado), em quem ensina em quem aprende, e principalmente naquele que não quer aprender. Acreditar, é uma urgência. É querer que tudo seja humanizado por humanos. Acredite no que quiser e no que precisar, porém, não seja hipócrita, nem falso moralista, mas acredite.

Leia mais, viaje mais, é caro? Ok! Então passei mais, veja mais filme, namore mais, ta difícil encontrar alguém a fim de se doar? Ok! Flerte mais, é assim que começa grandes romances. Fale mais, fale o que sente o que queria sentir, fale de coisas importantes; queira ser importante e não queria tanto o status. Observe mais, procure entender o inexplicável, afinal, se tivesse explicação não teria graça.

Vá à praia, ande de biquíni, ame seu corpo, desfrute do seu corpo, respeite seu corpo. Reflita mais, mesmo que você fique ainda mais confuso. Pense mais no próximo e menos como será sua carreira, sua carreira é uma questão de esforço e paciência, voltados para o momento presente, daí você olhará para trás que a resposta estará lá. Estará no que você plantou durante tanto tempo.

Se você fizer tudo isso, talvez sua vida permaneça inacabada. Se alguém chegar à conclusão que está com a vida feita, interne-se, ou sinto lhe dizer que você está morrendo e não sabe. Mas, se você fizer tudo isso, você vai ter vivido. E viver não são garantias, viver é uma eterna expectativa.

Reze mais, por favor, se puder reze mais pelos outros que por você, é que rezando por você, você será sempre a vitima enquanto que na verdade a fera do mundo ainda nem te farejou, pois ela está em embaixo das pontes, nas esquinas, nas vielas... Tenha fé, mais me refiro a fé sincera, menos igrejas (instituição), mais comunhão, mais solidariedade, mais ação.

Aja. Faça. Caminhe, estude, pague conta, cuide de alguém que de fato precisa, resolva o que puder, caminhe, corra, faça vôlei, futebol, e, pelo amor de Deus sorria. O máximo que puder... Chore o quanto quiser, quando a necessidade bater, mais tenha a certeza que sua vida não é um drama. Faça amigos, esses são alegria certa na sua jornada. Compreenda o outro, é difícil? Tente. Seja menos egoísta, seja mais otimista. O que eu quero dizer é que o que você precisa é ter coragem pra viver como um homem. É isso... VIVA COMO UM HOMEM.


Jane Bem

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enamorada

Só em meus ludos esperava um grande amor,
Ainda que errante, era uma lacuna do meu viver;
Tanto amor guardei, tantos abraços com meu ego segurei,
E aqui estou embriagada de emoções para ti doar.

Em meus pensamentos estas permeando,
Teu ombro me afagando me faz sentir que estou te amando.
Uma alegria constante, uma surpresa a cada instante
Com olhar de amigo e amante é assim que te apresentas.

Um menino, que de tão menino, virou um doce homem,
Um homem que de tão homem, tem uma bondade gigante.
Seu sorriso é faceiro, nosso destino de fato foi certeiro.

Os elogios que solto para ti, são verdades ditas dentro de mim.
Meus desejos estão intimamente entrelaçados a você.
É para você que me entrego com todo bem querer.

Jane Bem

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

É Pecado não saber?

Não sei por onde começar;
Não sei de que assunto falar;
Não sei no poema o que colocar;
Não sei em que me inspirar;
Não sei quando começar a estudar;
Não sei para quê estudar;
Não sei que roupa vestir;
Não sei que cor contrastar;
Não sei com o que me alegrar;
Não sei se tenho motivos para sorrir, também não sei se tenho para chorar;
Não sei se busco dinheiro;
Não sei se busco sabedoria;

Tento buscar palavras que entrelacem meus pensamentos soltos, onde regojizo o furor de minhas emoções, fatos e ilusões. Não me condeno em querer, querer, querer, pois só quem quer é quem ainda não tem.

Diante de tudo isso; Não sei o que dizer.


Jane Bem.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Poema Espirituoso

Donzela encalhada
Topava qualquer parada.
Esbarrou num rapaz bizarro mas, muito simpático,
Então, ela enquanto o enamorou,
Pensava...
Por fora um caco,
Por dentro engraçado,
Mas pensado bem... É melhor ficar só
Que beijar o moço feio feito diabo.
Pois com tanta feiura, é ele o desesperado.


Jane Bem

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Disse me disse...

- Falei para Laura o quanto amava Sebastian.

- Laura não resistiu e contou para Clara.

- Clara se entristeceu e renegou todo o meu sentimento e a fala de Laura.

- Quem te contou? Dulce.

- Mas, Dulce me contou que pelo jeito, é despeito.

-Por quê?

- O moço enamorado por Clara vive numa eterna boemia.

- Clara tem o direito de me magoar só por que vive em agonia?

- Nesse mundo tosco, quem tem direito a quê?

- Eu tenho o direito de amar, e é me tirar isso pra me ver esbravejar.

- Calma, a Lúcia discordou da Clara e foi em sua defesa.

- O João falou que para lidar com essas coisas é preciso leveza.

- E o Sebastian, o que achou?

- Nada, ele não sabe o que sucede.

- E com o seu casamento, este amor ou caso é fato; não acontece.


Jane Bem

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vida de Poeta

O poeta quer mostrar;

A sua dor, sua alegria, seu espasmo, seu furor.

O poeta quer dizer;

Das coisas que viu, das experiências que supriu, do medo e do viver.

O poeta é homem;

Demasiadamente errante, petulante ditando verdades unânimes.

O poeta é vaidade;

Precisa do público para gritar suas vontades.

O poeta é de fato um fingidor;

finge ser modesto, quando de fato almeja relusir seu ego.

O poeta é também doce;

Anseia a realidades com mais cores.

O poeta é "cristão";

Passa boa parte da vida escrevendo com fé que devemos apostar no proximo como irmãos

O poeta é artista;

Afinal, o que seriam nossas vidas sem suas rimas?

Jane Bem

27 de outubro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Hipocondria Literária

Quando a dor sufoca, vejo que é a hora da história.

Não importa se as reais ou as ideais.

Bom mesmo é ouvi-las...

Ser abduzido, conduzido, instruído, evoluído.

Passear os olhos nas palavras é,

Passear o coração em águas claras.

Sossegar para mim é o mais importante,

Ver nas palavras que as possibilidades nunca são o bastante.

Das prosas inventadas, para dias, semanas quem sabe meses.

Ou, na poesia veloz, como se nas linhas se passassem o mundo de uma vez.

De forma que na forma pouco penso.

Já os significados têm que ser no mínimo intensos.

Esqueça os remédios...

Dores da alma há apenas prescrições em altas doses de; Saramago, Guimarães, Pessoa, Gullar, Drummond, Assis e Camões.

Jane Bem

26 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Uma briga, um desgosto
Tão forte foi a sina do gosto
Não mais que de repente amei o oposto
Jane Bem
21/10/2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Travas

Penso no peso de meus pensamentos passados
E percebo que quase todos perpassam pelos privilégios de terem sido plenos.

Cá, cansada num canto que nada tem de encanto,
Concentro nos contos que com certeza contarei os fatos que da minha existência constatei.

Tiveram tênues trovoadas de tentação
Transferi tudo para o meu tecido de emoções.

Agora agradeço por nem sempre atender aos alvoroços por ainda não ser
A minha única alçada é a sina de APRENDER, APRENDER E APRENDER...


Jane Bem

08/10/2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"N"

Menina Calada,
Quando fala, torna tudo engraçado.
Ri do outro, da cena e de si.

Menina mudada,
Antes tão faceira, agora olha toda cabreira.
Olha tudo, mas não há vejo encontrar nada.

Menina enfezada
Dorme para um pouco sumir,
Esconde-se em casa por medo de sua felicidade, outro descobrir.

Menina fofinha,
Com blusinha de alçinha, pernas pequenininhas
Com seus pequenos passos põe a seguir.

Menina doidinha,
Faz falta tua constate alegria que nos fazia sorrir.
Com suas trelas pegaste a fama que te exalta e te desmantela.

Menina de bom coração,
Que fala desastradamente que somos irmãs.
Menina com nome de letra és nosso talismã.
Jane Bem
05 de julho de 2010.
(Dedico a minha grande amiga Eny Falcão)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Alma Agitada

Tempo morto, que não se desdobra em nada
Tudo torto, pelo medo de no fim, não ser lembrada.
Luz, escuridão, companhia ou solidão?
Creio que tudo.

Perdido, incumbido do melhor que se pode ser
Constrangido, só por ainda não escolher.
Alimenta expectativas que podem não ser
Bem sucedida, só revendo os conceitos para que sim ou não possa dizer.

Busca o mundo, de forma equivocado
Espera sempre por uma ajuda nessa jornada.
Não tem noção de sua convicção, e deste modo, acaba seguindo a “pobreza” da imitação.
Busca fartura, busca loucuras, busca o ideal.

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Precisamos do Outro para Encontrar a Verdade"

Já que faltam habilidades e propriedade intelectual para estruturar por meio de minhas próprias palavras, busquei uma ajudinha nas palavras e pensamentos dos quais comungo de um dos grandes filósofos existencialistas.



"Só alcançamos a verdade do nosso pensamento quando incansavelmente nos esforçamos por pensar colocando-nos no lugar de qualquer outro. É preciso conhecer o que é possível ao homem. Se tentamos pensar seriamente aquilo que outrem pensou aumentamos as possibilidades da nossa própria verdade, mesmo que nos recusemos a esse outro pensamento. Só ousando integrar-nos totalmente nele o podemos conhecer. O mais remoto e estranho, o mais excessivo e excecpcional, mesmo o aberrativo, incitam-nos a não passar ao largo da verdade por omissão de algo de original, por cegueira ou por lapso".


Karl Jaspers, in "Iniciação Filosófica"

sábado, 5 de junho de 2010

De tudo um pouco.

Do ar,
Sinto o sentido e a leveza da palavra passar.

Do mar,
Sei apenas da imensidão que paralisa admirados corações.

Do cheiro,
Sinto a fragrância do mundo, sem escolhas pessoais de meu limitado mundo.

Das ondas,
Vejo a dança do destino que vem e vai.

Das areias,
Reparo e julgo pela sua cor, seus percursos que abrangem momentos de euforia e dor.

Do som,
Apenas a melodia, esperando compositores que definam em palavras os instantes.

De mim,
Nada além do admirar.
Jane Bem
06 de junho de 2010.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Zelo e Desapego

Na obscuridade de nossa essência perpassam o zelo e também o desapego. Zelo por todos os que aqui estão e por si próprio. Desapego pelo outros e também por si mesmo. Ou seja, em nossa existência deslizamos numa duna natural entre o amor e o desdenho. Este último que sem ânimo em expressar-se, denominamos indiferença, estágio paupérrimo quando o assunto é relação humana para com humano.

Neste caos de sobe e desce que fazem nossas emoções descabidas, conheci uma dupla. Podemos inclusive dar os nome de Desapego (ele) e Zelo (ela). Ele faz jus a seu pseudônimo, pois sonha alto como menino, onde tudo parece grande demais para seu mundo pequeno. Tem voz altiva e estridente que carrega consigo uma casca rude, sarcástico e prepotente. Sem delongas, usa os demais como degraus para suas momentâneas solidão. Já ela –Zelosa- com seus laços, tenta sempre amarrá-los, pois fica apavorada quando este se afrouxam. Percebeu esta zelosa criatura que sua solidão é diferente da do Desapego, já que não é momentânea. Seu nome fala muito, muito de afeto, de afago e esmero. Faz questão de sorrir mesmo quando a inquietude resolve dar uma passadinha em sua vida, vida esta que deveria ser sossegada (seria se ela fosse mais esperta).

Destinados a serem o que são, foram seguindo. Ele com sua inexplicável e intolerável incisão. Ela, convencida de que os bons laços são os conseguiu construir, tão certa que não se deu ao trabalho de olhar para os lados. Cada qual com sua certeza esqueceram que a vida é mais que ruas retas e sem contornos. Quando menos esperaram, era numa travessia que se encontravam. E travessia não tem jeito, vão de qualquer forma se cruzar, e, se suportando, se tolerando e quando – muitas vezes- preciso se esquivando um ao outro. Por muito tempo, esta foi a regra.

Não vivemos de regras, só alimentamo-nas para pôr ordem à vida. Zelando (ela) sempre por si, aprendeu a conviver. Ele, Desdenhando-a, por vezes admitia que sem ela não via sentido, nem enxergava outras vias.

O Zelo sempre muito sensível viu-se doente, sufocada pelo segredo da efêmera dor mesmo que ausente, lhe entristecia. Ele tão pouco sabia, não era vidente de uma mente tão complexa que junto de si convivia. Com dores constantes, constatações replicantes, promessas de uma cura distante ela não tinha saída, pois já eram amigos, ela lhe devia no fundo, o laço da valentia. Valentia em ser leal e compartilhar o seu medo real. Mas, ele era rude demais para entender, sem meios termos para compreender, ela previa como tudo isso acabaria. Quando de dor já não suportava, ela então o contou. Tremula, envergonhada, cansada e desesperada.

No dia seguinte ao se verem, ela sabia que ele rosnaria enraivecido por sua omissão e covarde. Ao longe, avistaram-se, ela paralisada, ficou a esperar. Ele aproximou-se e nada quis falar, num momento de dor, que poucos entenderiam, ele com seu rosto reluzindo companheirismo e sem falar uma frase, segurou-a pela mão, entrelaçando-se de compaixão. Encaixaram seus corpos num sublime ato de laço forte, que dava bálsamo aos jovens corações.

Neste momento e neste silencio ela perguntou a si mesmo. Quem de fato era o Zelo e o Desapego? Se deu conta então que, Zelo era também o Desapego, e que ele a amava. Naquele instante, palavras não cabiam, nem nostalgia, mas sim, a mensagem silenciosa de que ali ele sempre estaria. Ela então teve a certeza que jamais ouviria o que gostaria, mas também tinha certeza que o maior dos sentimentos por ela ele sentia.


Jane Bem

05 de junho de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pensamentos Paralelos

_Estou desconfiada que ele ver melhor.
_Talvez sejam seus óculos!
_Não!

_Ele cita saberes do mundo e dos homens.
_Talvez ele entenda de almas!
_Não!

_Ele é inquieto demais para isso.
_Talvez seja curiosidade!
_Não!

_Ele não faz tantas perguntas.
_Talvez ele já tenha as respostas!
_Não!

_Se as tivesse não procuraria tanto.
_Talvez ele não esteja procurando, apenas encontrando!
_Não!

_ Ele vai além...
_Talvez você possa alcançá-lo!
_Não!

_ Ele é fascinante e raro.
_ Então... é melhor só apreciá-lo!
_ Sim.

  • Entendo que existem pessoas que quando entendidas tornam-se esquecidas.

Jane Bem

25 de maio de 2010


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Descontentamento

Nesta inércia que se encontra minha vida
Longínquo, és meu abrigo, por isso,
Sonho contigo...

Teu desprezo só engrandece
Encurralada pela dor, minha alma apenas se entristece
Não tenho cor, sou dor, sou sua...

Nos teus olhos me perdi
motivo que pelo qual me encontro desconexa de tudo que já vivi.
No fundo, eu vivo?

Para tantas perguntas, não sei as respostas
Devem ser de fato profundas que permanecerão as lacunas
Quem sabe os astros possam responder? Prefiro encontrar-me nos teus beijos cálidos.

Jane Bem
17 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Palavras

Mulher que ama as palavras es o que sou.
As ditas, as ouvidas, as escritas e principalmente as sentidas.
Contemplo as expressões por serem pontes seguras ao que se deseja
Denunciando experiências que ratificam nossa existência.

Jane Bem

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Medo e Marília

Como quem está coberto por inúmeras lanças de terra, que encobrem sem pudor sua virtude, a moça que quando menina achava que sua obrigação era deixar-se cobrir pelas mazelas dos seus e dos que estão em volta. Com isso acabou enterrando-se. A menina tinha passos ligeiros, sorrisos apáticos, curtas palavras para que não denunciasse seu descontentamento perante seus elos sanguíneos e seus contados amigos, ela também tem um olhar baixo como quem perdeu e tem certeza que não vai achar, porém, por algum motivo, ela ainda procurava.

Marília agora mulher, tem como seu fiel escudeiro e inimigo ferrenho - o medo – o seu próprio medo. Aquele que só ela sabe a procedência, e a sufoca sem piedade. Medo é um senhor hostil, que cala, esquartejando os sonhos, tolhendo sua coragem pouco a pouco. E Marília, apavorada como quem tem inúmeros e sucessivos sustos, impedindo-a de olhar alto, falar manso, de sorri lentamente e prazerosamente. Não, o medo não deixa. Marília tem o dom de delimitar-se, fazendo de quase tudo uma impossibilidade, jogando fora o pouco da sua liberdade. Mas ela, se valendo dos anos discretamente vividos, aprendeu com os demais e consigo mesma a se esconder bem.

- Onde?

- Ora! Em sua mente.

Claro que num lugar onde o pavor é driblado e barrado como num jogo do Brasil na copa de 70. Ela se refugia no exercício de almejar, de descaradamente sonhar, com as coisas mais “absurdas” do mundo. Com sublime valentia, ela sonha com o homem ideal, lugar belo igual a cartão postal, e o maior de todos os sonhos, o de procriar. A moça tem certa urgência em fazer pelo os outros o que não tem coragem de mostrar a si mesmo.

- O quê?

- Mostrar que tudo pode ser diferente.

Ela quer mostrar ao outros que é possível olharem o mundo de forma leve e sorrateiramente. Ela acha que suas fraquezas não podem ser superadas por ela mesma, isso explica a ânsia em transferir sua força. Ela sonha em recomeçar.

Nessa dança da vida que ela não iniciou, mas que foi convidada a dançar contra vontade. Marília momentaneamente não sabe mudar de ritmo. A canção agitada se foi e o agora pede uma valsa, como quem anuncia a serenidade que a dança da vida de Marília está pedindo, pois as músicas da sua meninice e mocidade já se foram e não tem como voltar, sendo assim, está na hora de trocar de disco. A vontade de bailar sua singular música é tão grande, que ela se entristece. Ela já está se convencendo que não sabe mais dançar.

- O que ela pode fazer para mudar?

- Quem sabe fazendo do seu inimigo, seu aliado.

- Como?

O fato é que a vida da maioria das pessoas são feitos de sonhos desfeitos. Marília tem de aprender que sonhos não realizados, devem ser transformados. O medo não é um senhor por acaso, ele é importante, ele organiza, ele diz a cada instante o que ela pode e o que não pode daí, cabe a ela escolher. Desilusões batem à porta de todos, sem exceção. Marília tem na verdade, que mudar de mundo. Deixar o mundo do medo para trás ou pelo menos colocá-lo ao lado.

- Mas não entendi como ela pode fazer isso agora já que ela sofre agora!

- Ok! Vou explicar melhor!

Cada um tem seu jeito, mas se eu pudesse aconselhar Marília para começar, eu diria que andasse mais devagar, sorria sem restrições, fale com otimismo, mesmo que as palavras continuem curtas para que denuncie seu contentamento em estar nesse mundo. Diria a Marília também que vá tirando cada grão de areia que enterra sua paz. Marília continuará sentir muito medo, talvez até maior que antes, pois ela não estará sendo refém dele para se justificar. Mas mudanças demandam tempo e dá medo. Mas o tempo é o que menos importa. Já o medo, ou você o controla ou ele controla você.

- E o que aconteceu com Marília?

- Marília conseguiu!

- Como se ela ainda sente tanto medo?

- De mãos dadas com medo, ela seguiu. E seguir é o que basta.


Jane Bem

sábado, 1 de maio de 2010

Versos Inquietos

Nas ruas fétidas
Pés sem destino
Cara sem nome
Olhar sozinho

Barulhos que falam da pressa
De um viver sem promessas
Tendo como certeza, a incerteza
Atormentado a balbuciar pelo mundo

Eu, nós, vós
Todos, órfãos se sentem
Em busca do mistério, criado talvez, apenas pela mente

Meu coração que pulsa no ritmo do tempo
Bate atrasado, adiantado, descompassado...
Perdido.

Jane Bem
28/04/2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Criação

No anil do teu céu azul, fico a espera de paz.
No infinito do além mar, deslumbrada fico a ver o que deveras sois capaz
Perante teu luar apenas ouço, a melodia que tem nome,
Silenciar.

Ao teu semelhante deste o nome: homem
Relicário de raridades, ele é tua obra prima
Senhor dos destinos, preferistes libertar,
Para que os errantes saibam o valor do limiar.

Na perfeição pode-se contemplar a constelação,
Com tua aquarela, pitaste em cores os elos, que nos caracterizam homens
Que ficam mais belos com os significados e superstição, essa harmonia que chamamos humanização.


Os gorjeios são um lisonjeio, e,
Reservaste para nós, o melhor de se ver, tocar, e pensar,
Com a sublime certeza que o teu brio jamais se apagará.

Jane Bem

25/04/2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Carta

15/04/2010

DE: Jane Bem
PARA: Luiz Antônio Bem

Saudações...

Carente de escrever e receber cartas resolvi escrever uma pra você. Senti vontade de te contar de como andam as coisas e por outros motivos também.
Não vou perguntar como você está, por que sei que você está melhor que eu. Sendo assim, acho melhor começar a contar as coisas antes que você repita pela milésima vez que sou chata.

Bom, quando você viajou, nosso mundo de repente parou. Você mais uma vez desobedeceu nossos pais, simplesmente não avisando desta viagem. Sinceramente, isso não se faz, Tereza avó paterna ficou sem saber quem paparicar (você sabe que mesmo tendo muito netos, ela preferia você). Tereza avó materna fez como toda a vida, ela ficou triste sentada naquele mesmo lugar da mesa lembra? Indo pros irmão, nossa nana (Elisangela) chorou muito, você sabe que é sempre ela quem fala das nossas trelas, só que dessa vez era difícil pra ela falar pros nossos pais que você viajou e não se despediu, nem vai voltar. Ela repetia incansavelmente como falaríamos isso para nossos pais. Mas não se preocupe, Eric sozinho percebeu sua viagem (você sabe que ele sempre foi esperto), e Davison ficou junto dela naquela madrugada. Nossa você não sabe como eles a ajudaram. Neto foi o último a te ver, você não o viu, mas ele não esquece, ele também chorou muito por que não tinha mais o irmão pra contar das garotas que ele enamorou. Eu fui a última dos irmãos, a saber, da sua viagem inesperada. Na hora achei que era mentira, achei que era verdade, pra ser sincera, eu não sei o que achei. Eu pedi para irmos te buscar, mas Lili falou que não dava por que você não voltaria. Daí emudeci.

Papai foi o próximo, e acho que é coisa da genética, ele também emudeceu, a diferença entre nós dois é que o coração dele está calado até hoje. Ele gostava quando você ia beijar a calvície dele. Aliás, quando você se foi, você estava precocemente calvo e o seu nariz era igual ao dele. Nossa, apesar de não entender dessa ida repentina, no começo ele foi forte, mas só até o Natal. A mamãe você sabe que é um siri na lata Tontonho, você sabe bem que ela não gosta de ficar longe dos meninos dela. Ela odeia ser contrariada. Com o tempo, ela foi entendendo que os filhos criam asas e se vão. Acho que isso tem haver com as orações dela, papai também ora, mais você sabe que ele é acha que somos tesouros em forma de gente. O que o papai está entende aos poucos é que ele era seu pai adotivo, mas que o seu verdadeiro pai estava te chamando. Mas como você era responsabilidade dele, ele sofre.

Após essa sua saída eterna, muita coisa aconteceu. Umas muito boas outras nem tanto, óbvio que nada se compara a sua viagem. Neto, casou novamente, nova cunhada na área, Kaylane fará 7 anos em outubro. Você não pôde vir na festinha de 10 anos de Eric, na verdade nem eu vi, fiquei de férias e fui ao Rio. Ah! Fui à sede do Flamengo, não sei se você foi quando estava lá. Você ia gostar. Ano que vem eu termino a faculdade, espero ansiosa por esse dia.

Tenho novidades na família, somos tios novamente. Ela se chama Cecília, e é a criança mais linda do mundo. Sei que disse isso quando Eric nasceu e depois repeti quando Kaká nasceu, mas me leva a serio. Ela realmente é linda e encheu a casa de alegria, aliás, a casa não, a família.

Na verdade, estou lhe escrevendo, porque tenho sonhado muito com você. Estou escrevendo pra dizer que mesmo você viajando não me esqueço do seu aniversário, nem da sua ausência no almoço de Páscoa das avós Tereza, não me esqueço também do Natal, você sabe que festas cristãs sempre foram o forte da família. Vou parar de mentir pra você. Na verdade, eu quero te dizer que não me esqueço de você a 2 anos, 8 meses e 27 dias, e amanhã, e depois, e depois... Eu me lembro de você todos os dias, oro por você nessa sua viagem, e espero que você ore pela minha nesse mundo que pressuponho ser mais árdua. Por diversas vezes adormeci chorando sua partida. Sinto saudade do seu lugar à mesa,

Olha às vezes não me conformo de você não ter dito adeus. Mas por sua causa, descobri que sou muito forte. Continuo a ter muito medo das partidas, mas quando me lembro da dor que foi a sua, acho que aquele ditado “decepção não mata, ensina a viver” ficou bem presente em mim.

Despeço-me de você, deixando claro o meu amor, meu orgulho em ser sua irmã, meu arrependimento por não ter dito que te amava mais vezes, e quero te dizer que não estou mais triste com sua partida, mas também não estou alegre, ter que recorrer ao passado sem perspectiva de futuro não é bom. Ufa! Eu quero te dizer que, estou com SAUDADES.

Você não morreu, só partiu primeiro.

Com amor, sua irmã: Jane Bem.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Haiti

De repente tudo tremeu.

Água
Chão
Pés
Mãos
E toda a convicção...


De repente tudo desmoronou.

Casas
Edifícios
Praças
Armazéns
Até o refúgio da freira que professava amém...


De repente tudo morreu.

Sonhos
Planos
Milhares de humanos...


Não de repente tudo surgiu...

Luta
Esperança
Realidade que a vida os lança
Sede
Fome
Incessante vontade que o mundo os olhe como HOMEM.


Jane Bem

26/03/2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Adjetivação

Crença,
Bálsamo, amplidão.

Refúgio, Fraqueza
Mas nunca a escuridão.

Amor pelo o amor
Sempre com a “obrigação” de se doar com fervor.

Conhecer, esclarecer, aprender
Discernir Instituição evitando alienação.

A alma,o simples,
A verdade, a santíssima trindade.

Persistência, humildade
Respeitando assim sua onipotência.

Acolhimento, regeneração
Superação.

Se cultivas ele faz, Se esperas ele trás
Se não duvidas, estais hábeis a sentir
O verdadeiro PAI.

Jane Bem

07/04/2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

Constatação

A menina que dorme tarde e acorda cedo
Ela estuda, conversa, ler, esbraveja, trabalha e por fim,retorna a estudar.
Ela volta a dormir tarde e acordar cedo.
Ela não respeita o relógio nem seus limites, quando se põe a ver, já estar a nascer à aurora.

Ela tem muitos amigos para ouvir
Tem muitos assuntos para refletir
Muitas tarefas a executar
Mas ela alega cansaço.

A menina diz que o tempo é curto, sugando a promessa da noite anterior em deleitar-se nas suas e nas alheias escritas.
E de fato é, mas às 24 horas diárias contemplam a todos, analfabetos, ociosos, leitores e doutores.
Ela diz que está muito, mais muito cansada.
Ora! Do que exatamente a jovem está cansada?
De ter amigos adoráveis? Atividades que enriquecem a mente? Família de laço forte que abarca tuas alegrias e aflições?
Mocinha deves estar muito cansada mesmo, mas não digas que é da tua vida, pois se assim for, estás perdida.
Arrisco a dizer que isso é mais grave que enfado, a tua doença tem nome: Ingratidão.


Jane Bem

29/03/2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sábio ou Sabichão?

Tenho medo da inteligência vulgar. Aquele modo prepotente de achar que é sábio, por saber o que todos também já sabem. Não quero fazer de um mero passeio um debate. Não acho inteligente fazer jorrar inúmeras e inadequadas informações, estatísticas, teorias ou citações, não que essas não tenham sua importância e função, mas eu, prefiro a indagação.

Indagar é de pouco em pouco desvendar. Apresentar idéias é bem mais interessante que impô-las, refletir é bem mais que respostas prontas de livros, enciclopédias, almanaques, e internet. Indagar, é mais instigante quando auxiliados por tais instrumentos somos “obrigados” a encontrar nossas próprias respostas, mesmo que a pergunta seja a mesma para todos.

Inteligente é ser curioso, é ser disposto e gentil em ouvir (mesmo que seja uma asneira). O Sabichão despeja o que foi depositado em sua tabula rasa, alardeando a resposta que outro pensou, e, definiu. Sábio é tentar entender a idéia, refletir sem inércia, compartilhar saberes, distinguir, é respeitar a opinião alheia, e por fim, errar (ato natural no desenvolvimento da aprendizagem). Na empreitada que é compreender, aprender e evoluir didaticamente, consciste em uma boa oportunidade de evoluirmos mais como seres humanos, do que ficarmos mais eloqüente. No mais, as conclusões são o que menos importa, pois nunca teremos todas as conclusões que necessitamos (ainda bem), o belo, é o caminho que você escolheu para descobrir suas próprias verdades, afinal, a inquietação é sua, só sua. Sabedoria e conhecimento é tudo aquilo que fica quando os livros se vão.


- Uma inquietação que compartilho como reflexão.

Jane Bem

15/03/2010

sábado, 20 de março de 2010

Outono

Tempo de bonança, que embeleza os dias
Tempo de mudança, indispensável à vida
Sensibilidade para se ver, sabedoria é fundamental para bem viver.


Espelhados em ti, os homem decidem renovar-se
Limpar as tristezas, e ratificar suas certezas
O Equilíbrio é tua marca, teu ponto crucial
Qualidades estas, que busco como meu ideal.


Estação passageira, como a infância ou uma canção
Liberdade de fluir, como os ventos e sentimentos que simplesmente devem ir.
Um pouco de verão, um pouco de inverno
União que gera a perfeição.


Tempo de colher sentimentos mil
Corações amantes que só querem ser gentil
Tempo de esperança e luta,
Que na natureza é traduzida em sutileza.

Não tenhas medo de buscar, aquilo que queres alcançar
Busque amores, alegrias, músicas, palavras e cores.
Teu tempo neste mundo é como tal estação,
Ser que é mutável em prol da auto-satisfação.




Jane Bem

20/03/2010 (início da estação)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Haikai para uma Pequenina

-Vieste para encantar.
-Ver-te nascer foi meu prazer
-Tudo que dou é meu bem querer


Jane Bem

18/03/2010

(Para minha sobrinha Cecília)

Mãe

Corajosa e esbravejante
Por prudência, acaba sendo errante
Língua ferina, de palavras dilacerantes
Confunde meu amor com teu zelo estonteante.

Atitude vil, outrora pertinente
Um olhar frio e por vezes excludente
Carente de perdão é o que sinto quando fala das coisas do coração
Furtas-me de sentir a mulher que és com toda sua emoção, não te preocupes, não sou Deus, apenas tua criação.

As rezas são o refúgio, pedes ao pai que entendas os teus murmúrios
Não conheço os teus ludos, desconheço o que é o teu tudo
Sei que dói dentro de ti, a ausência de um ser que não mais está aqui
Perdoou-te, por absolutamente tudo, pois sei que tenho muito de ti.

Admiro-te pela força e determinação
Mulher que foi capaz ver um companheiro de bom coração
No teu caminho quero estar, e de muito amor materno desfrutar
Segue em frente com fé a olhar, olhes a tua volta e reaprenda aos poucos a amar.


Jane Bem

17/03/2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que se quer ser

Uma autobiografia também é universal.
Cada ser humano é também parte de um todo
O todo que completa o interminável,
Mas na vida, tudo que não importa é o fim.

E o que importa?
A importância que é vista muda com o olhar pessoal, indiscutivelmente seu,
E o que é seu, foi o mundo com o seu todo quem deu.
E que você traduziu em algo só seu
O mar de mudanças te almeja para mostrar a importância de ser,
Mas, mudar para ser, não é fácil
Fácil é se corromper e ser o que o todo quer.

Embaixo da ambigüidade singular sobra a real forma da existência,
Que nos fazem ser únicos
Distinguíveis, idênticos, pessoais, iguais
O oposto particular, que nos mostra a universalidade da nossa própria biografia.

Poema de Jane Bem, Maíra Borges e Rossano Coutelo.